Narra uma
lenda chinesa que às margens de um imenso rio, vivia um pescador muito pobre.
Mal o rosto
dourado da manhã se abria em sorrisos e as mãos brincalhona da brisa matinal começavam a espalhar
perfumes, ele se levantava e seguia para o rio.
As aves voavam
pelos ramos das árvores, em gorjeios animadores. Mas nada disso animava
Vicente, o pescador. Ele andava lento, depois de se levantar com preguiça. Com má
vontade, naquela manhã, como em tantas outras ele pegou suas redes de pesca, os
apetrechos necessários e foi para o barco.
Tomou café
matinal sem prestar atenção ao pão que fora servido, com carinho.
O dia prometia
ser maravilhoso. A mãe natureza se esmerava em preparar um detalhe diferente,
para que a reprise do dia anterior não fosse total. Um detalhe, afinal, é
sempre muito importante.
Mas Vicente
nada via. Foi resmungando para o barco. Sentou-se meio a contra gosto e sempre
reclamando e sentiu alguma coisa no chão. Sem olhar apalpou com a mão direita e
encontrou uma sacolinha com pedras miúdas.
Distraído, sem
ânimo para iniciar o trabalho da pesca, começou a jogar as pequenas pedras no
rio, aguardando a chegada do sol.
Jogou uma a
uma, divertindo-se com as ondulações que se desenhavam nas superfícies das
águas.
Finalmente, o
sol apareceu soberano, rasgando a escuridão da noite, com o seu punhal de luz.
Agora havia
calor e muita luminosidade. O novo dia abriu seu manto de belezas para que
todos o pudessem ver.
Vicente ao
pegar a última pedra, verificou que ela cintilava, refletindo os raios do sol. Examinando
melhor, verificou que se tratava de um diamante, explodindo claridade e beleza.
Levantou-se e
sacudiu a sacolinha. Estava vazia. Dando-se conta que jogara no rio uma imensa
riqueza, Vicente se pôs a gritar, esbravejar, acusando todas as pessoas e mundo
por sua desgraça.
Sentia-se
infeliz e amargurado. Perdera um grande tesouro. Jogara tudo no rio.
E enquanto
gritava e se desesperava nem se deu conta de que ainda possuía nas mãos a
última pedra preciosa.
Quantas vezes perdemos uma boa oportunidade por achar
que não vale a pena tentar.
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