Já vivi tanto que as rugas das emoções me envelheceram o rosto. Já guardei tantas recordações que a memória ficou demasiado preenchida com nomes que já nada me dizem. Talvez seja tempo de fazer um reset nesta memória para apagar o que está a mais. É tanto o peso que carrego sobre os ombros que decidi passar a viver uma hora de cada vez, sem pensar no tempo que corre e nas pessoas que vivem na minha história de vida. A vida é minha e as decisões são deles. Ao longo dos anos não perdi ninguém foram as pessoas que se perderam de mim quando os detalhes das suas vidas deixaram de estar em sintonia com quem eu sou. Temos pena, mas quem não entende os gestos da minha alma não poderá continuar a viver ao meu lado. A vida é mesmo assim feita de partidas e chegadas. Não lamento o que vivi, nem com quem vivi. O passado são páginas da minha história que não posso rasgar sob pena de ficar incompleta. Já fui tanto que a paciência se esgotou.Agora sou o que sou sem mudar uma vírgula que seja para agradar a quem se acha mais importante do que eu. Não cedo para agradar a ninguém, ou vivem em sintonia comigo, ou então o melhor é encontrarem outro rumo para as suas vidas.
Quem não gosta que siga o seu caminho e eu continuarei aqui com todos os defeitos que aparento ter e algumas qualidades que guardo para quem me entende. Já tenho tantos anos para recordar que não me posso dar ao luxo de gastar o tempo que me resta com quem não me merece.
As rugas do tempo dão-me essa permissão, escolher por onde quero andar e quem quero que me faça companhia. ( Angela Caboz )
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