terça-feira, 18 de maio de 2021

UMA HISTÓRIA COMOVENTE - SOLIDARIEDADE

1983 - O Hotel Majestic colocou Mario Quintana no olho da rua. A miséria havia chegado absoluta ao universo do poeta. Mario está só. Encontrava o império dos homens sem sentimentos. O porteiro joga um agasalho que tinha ficado no quarto. “Toma, velho!” Mario recita ao porteiro: A poesia não se entrega a quem a define. Mario estava só. Cadê os passarinhos? A sarjeta aguardava o ancião. Paulo Roberto Falcão soubera do acontecido. Chega em frente ao hotel e observa aquela cena absurda, triste. Estaciona e caminha até o poeta com as malas na calçada. “Sr. Quintana, o que está acontecendo?” Mario ergue os olhos e enxuga uma lágrima, destas que insistem em povoar os olhos dos poetas. Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor. Ninguém vive de comer poesia. Mario lhe explica que o dinheiro acabou. Está desempregado, sem família, sem amigos, sem emprego. Restaram apenas essas malas nas ruas de Porto Alegre. Mario observa Falcão colocando suas malas dentro do carro em silencio. E em silencio, Falcão abre a porta para Mario e o convida a sentar. No silencio de duas almas na tarde fria de Porto Alegre o carro ruma na direção do infinito. Falcão para o carro no Hotel Royal, desce as malas, chama o gerente e lhe diz: “O Sr. Mario agora é meu hóspede!” “Por quanto tempo, Sr. Falcão?” Falcão observa o olhar tímido e surpreso do poeta e enquanto o abraça comovido, responde: “Por toda a eternidade”. ( o hotel pertencia ao Falcão ). O poeta faleceu em 1994. #marioquintana #falcao

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