Baixo prestígio profissional, salários pouco atrativos e problemas
sociais nas salas estão entre os fatores que tornam a docência menos atraente.
Especialista estima que a reversão do quadro leve 20 anos.
A última estimativa divulgada pelo Ministério da Educação (MEC)
dá conta de que faltem 170 mil docentes nos níveis fundamental e médio no país.
Porém, mesmo quando estão nas salas de aula, muitos deles não têm a
qualificação necessária para a formação dos estudantes.
Em Minas, cerca de 29 mil professores não têm licenciatura, de
acordo com dados da Secretaria de Estado da Educação. Nas universidades
federais de Minas Gerais (UFMG) e de Ouro Preto (UFOP), parte das vagas ociosas
decorre do baixo interesse pelos cursos de licenciatura, que formam docentes,
principalmente na área de exatas, para disciplinas como matemática, física e
química. E recuperar esse tempo perdido pode levar décadas.
Especialistas alertam que não só os baixos salários tornam a
docência menos atraente. Além da remuneração, faltam planos de carreira e ainda
é preciso lidar com questões como desagregação familiar e agressões em sala de
aula, que extrapolam o âmbito da educação. “Vemos um crescente desinteresse
pelas áreas de licenciatura e pedagogia. Paga-se mal e as condições são
péssimas. Por isso, as pessoas vão para outras carreiras”, diz Fernando Kutova,
professor e diretor da Conexa Eventos, empresa especializada na formação de
professores da educação básica.
O especialista alerta para a gravidade do problema. “Não
teríamos médicos, advogados, sem professor da educação básica. Mas esse
profissional vem perdendo o status que tinha”, afirma. Segundo ele, o governo
federal deveria fomentar um plano de carreira que pudesse atrair profissional.
Mas não é uma solução de curto prazo.
O processo para reverter o quadro levará pelo menos 20 anos,
pelos cálculos do especialista. “No Brasil, educação é um problema social. Como
se vai conseguir que o professor se interesse, diante dos baixos salários?
Soma-se a isso o fato de que os alunos enfrentam diversos problemas sociais.
Não adianta apenas falar que o salário vai dobrar”, diz.
A falta de professores no ensino básico faz com que muitos
profissionais tenham que se desdobrar em mais de duas escolas. É o caso da
professora Lídia Gonçalves Soares, de 50 anos, que trabalha nas redes públicas
de Belo Horizonte e Contagem, na região metropolitana.
Ela lembra que, devido à
falta de educadores, até o ano passado não era possível manter o horário de planejamento de aulas.
Agora, ela comemora o fato de ter tempo para preparar conteúdo e se capacitar.
“Tivemos avanços. Hoje temos bons livros didáticos, a escola em que trabalho
tem boa infraestrutura, mas nós, professores da educação básica, não somos
reconhecidos. Ainda somos pouco valorizados”, diz.
É necessário que haja mais valorização do professor para que
essa profissão torne-se atraente, se continuar como está a situação vai piorar
ainda mais.
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