Tenho consciência de que vivi mais de sonhos do que de realidades. Sempre olhei à minha volta à procura de pilares a que me pudesse agarrar e apenas encontrei ilusões que me foram arrastando, pelos dias demasiado longos desta minha existência. Quantas vezes tentei encontrar um raio de felicidade por entre as nuvens negras que pairavam no meu céu. Bem que tentei pintar a minha vida com as cores que só existiam nos sonhos, mas a vida não as aceitava e por mais que tentasse tudo continuava negro. Mas que posso fazer com o tempo que já passou!
Sofri é verdade, mas não posso secar as lágrimas do passado. São essas realidades que hoje estão aqui à minha frente que te tenho que enfrentar e muitas delas são o reflexo de tudo o que aceitei sem reclamar. Se acordo dessa longa noite sem horizontes é porque não soube desenhar o meu futuro com traços fortes. Apenas ensaiei ilusões com linhas tão frágeis que não resistiram aos testes da vida. E agora aqui estou, sentada na pedra dos lamentos, sentindo o frio da solidão. Não choro por quem partiu, porque a solidão não me permitiu estabelecer laços e apertaram tantos os nós que agora me sufocam. As nossas escolhas não são as estradas já percorridas. Serão para sempre as encruzilhadas onde nos vamos sentir perdidos quando pisarmos o futuro. Se não soube decidir, agora tenho que ter habilidade para resistir a toda esta adversidade.
Podia dizer-me inocente por ter sonhado com o amor que ainda não encontrei. Mas, afinal que culpa tem o amor se eu não soube escolher as encruzilhadas certas e me perdi em atalhos apertados que sempre me fizeram ficar presa a tristezas sem fim. ( Angela Caboz )
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