Acordei com saudade de nós. Saudade do que ainda não somos. Lembrei-me da vida que temos para viver e de tudo o que está para acontecer.
Sim, é verdade acordei num tempo que ainda não existe. Acordei com a certeza de que te vou encontrar, por aí num dos muitos recantos da vida.
Talvez, quem sabe, numa rotunda da minha existência, quando perdida procurar por uma saída. Talvez, sejas tu que me vais dizer qual é a estrada certa para eu seguir.
Foi dessa forma que acordei, cansada de um passado pesado. Cansada desse fardo que não me deixa voar. Sedenta dessa leveza que perdi lá atrás, no tempo em que não me vi e mergulhei na escuridão.
Acordei sem vontade de continuar a viver esta história sem sabor. Sem vontade de caminhar nesta ruela apertada e descolorida, onde o sol não brilha e a lua apenas espelha a minha sombra, que mais me parece um fantasma.
Cansei-me do passado e não me encontro neste presente.
Por isso me protejo no futuro, onde te encontrarei sem te ter procurado.
Há coisas que não procuramos, é a vida que as planta no nosso jardim. São as tatuagens que a vida nos faz na alma, desenhando as coordenadas de tudo o que iremos viver. Tatuagens que são pedaços de nós e que iremos ver espalhados pelos caminhos por onde vamos passando. ( Angela Caboz )
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