Vejam os passarinhos que
voam pelo céu: eles não semeiam, não colhem, nem guardam comida em depósitos.
No entanto, o Pai de vocês, que está no céu, dá de comer a eles. Será que vocês
não valem muito mais do que os passarinhos? (Mt 6.26).
Consigo agora entender o
que Jesus queria dizer. Explico. Tenho vários pardais que cedo, de manhã,
pousam no muro da minha casa esperando por comida. Tudo começou quando um deles
era pequenino havia caído do ninho quando o rabo nem ainda estava desenvolvido.
Dei-lhe alpiste. Ele ficou por perto. Sua família – isto é, suas crias, ficaram
por perto também. Lá estão eles, a cada manhã esperando que eu lhes dê de
comer.
E as pombas. Elas vivem
sob o telhado da casa da frente, do meu vizinho, mas todos os dias pela manhã e
pela tardinha põem-se no meu telhado, bem na beirinha, olhando pra baixo à
minha espera. Quando me aproximo das grades do terreno elas se agitam no
telhado, e começam a dar voos rasantes. Sabem que vou lhes dar de comer.
Conhecem o brilho de minha calvície de longe!
Entendi, então, que Jesus
estava falando de comunhão, de conhecimento entre seus filhos e o Pai. O Pai
conhece os seus filhos, mas, o mais importante é que os filhos conhecem o Pai e
dele dependem todos os dias. As pombas e os pardais são ariscos à presença de
qualquer outra pessoa, mas não a mim. Eles me conhecem de longe, aproximam-se e
não se importam com minha presença quando fico ali os observando comerem.
As pombas e os pardais
estão sempre me espreitando; cuidam meus movimentos, observam o que tenho nas
mãos, dão seu sinal remexendo-se na beira do telhado e saltando de alegria,
asas abertas quando me veem. Elas me conhecem. Assim também, os que conhecem o
Pai jamais serão desamparados.
Não devemos ser como os
que se lembram dele apenas na hora da necessidade; mas, como estes pássaros,
ficar de olho nele, observando-o, como a dizer, somos teus, queremos ficar ao
teu lado.
Mesmo assim, a lição está
incompleta. Apesar de haver um relacionamento entre os filhos e o Pai – entre os
pássaros e quem os alimenta – Jesus manda um recado: “Vocês valem mais que os
passarinhos!”. Sim, o Pai não nos vê como passarinhos, mas como filhos amados!
Os pássaros valem muito
pra mim. Eles vêm ao meu pátio beber água, se alimentar e estão sempre de olho
nos meus movimentos, mas, se tenho que me ausentar por dias, eles arrumam outro
jeito de se alimentar. Saem à procura da comida que o Pai celestial lhes dá na
natureza.
O filho não. Este depende
do pai, sempre! E é mais importante pro Pai que qualquer outro elemento da
natureza. Sou mais que um passarinho aos olhos do Pai. Sou filho.
João A. de Souza Filho
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