Percebo que o tempo anda correndo a passos largos, a semana voa
com a velocidade de um raio e num piscar de olhos já é domingo. Consolo-me ao
saber que essa é a opinião de quase todo mundo, pelo menos não estou vendo os
meus dias, meses e anos fluírem rapidamente sozinha, envelheço acompanhada, que
alívio!
Descansar é preciso,
dar uma pausa na rotina e fazer um dia diferente, eis um desafio agradável e
necessário, ainda mais quando se pode sair de casa, tomar novos ares, olhar paisagens
não corriqueiras, sem dúvida, isso traz muita calma à alma. No entanto se o
domingo amanhece com aspecto sombrio, com espessas nuvens negras que vem
chegando trazendo vento e chuva, então há de se colocar a mente em ação e
pensar o que fazer para que o dia seja bom mesmo assim.
Confesso que após
uma determinada idade venho adquirindo novos hábitos nunca antes imaginados,
como acordar bem cedo todos os dias da semana, na minha adolescência pensar
nisso era uma tortura, achava que dormir era a melhor coisa do mundo. Talvez eu
tenha mudado de ideia por pensar que agora, com quase meio século vivido, eu
queira aproveitar cada minuto, inclusive do dia de domingo, afinal, de agora em
diante, a sensação é que a contagem é regressiva, um absurdo e cruel capricho
da realidade.
Gosto de iniciar
o meu domingo indo à igreja, esse horário é o preferido dos fiéis com mais
idade, percebo que já me identifico com esse grupo, gosto da tranquilidade, do
andar em ritmo moderado, da ausência de ansiedade e do olhar que carrega toda a
experiência da vida. Dos fios de cabelos brancos que provam uma vasta
caminhada, confesso abrir mão, por enquanto vou tentando disfarçá-los, dou
chance à uma das minhas poucas vaidades.
Após cumprir a
minha tarefa espiritual, volto para casa já pensando em caprichar no cardápio
do dia, afinal, uma iguaria bem preparada, sem pressa e nem horário rígido para
ser servida, somente aumenta o prazer em saboreá-la e quando a sobremesa
favorita é colocada à mesa, a família agradece sorrindo.
Quando o dia quase
termina e nenhuma visita aparece, sobram-me alguns momentos, não permito que
sejam ociosos e inúteis, lanço-me em alguma leitura, que não escolhe dia, hora
ou estado de espírito, diria que é meu vício apaixonante.
Enfim, o meu
domingo é assim, simples, mas sem nunca deixar de lado a minha afeição pelos
pequenos detalhes como a gratidão a Deus por mais uma semana vivida, pelo
alimento na mesa todos os dias e pela fé que me manteve firme e, certamente,
continuará me amparando em todos os momentos difíceis da vida.
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