Fogueira já foi método de
aplicação de pena de morte, por crimes de heresia e bruxaria. Primeiro pela
Igreja Católica, depois pelas Igrejas Protestantes.
Fogueira é também símbolo
antiquíssimo de culto ao deus Sol, na passagem do solstício de verão 22/23 de
junho. Data da qual a Igreja Católica habilmente se apropriou para cristianizar
essa festa pagã.
Daí a fogueira de São João, o bíblico João Batista, grande
figura da história do cristianismo, para quem alguns evangélicos torcem o nariz
só porque ele recebeu título honorífico de “Santo”, conferido por igreja rival.
Na minha infância, corria
a crença de que o diabo viria dançar na frente da casa de quem não acendesse
fogueira em honra de São João. Assim, pessoas de poucas posses juntavam
gravetos para uma fogueirinha mínima, que as redimissem da maldição. Amigas
tornavam-se “comadres de fogueira” rodeando-a
três vezes e repetindo palavras mágicas. “Santo Antônio dormiu, São
Pedro acordou vamos ser comadre que São João Mandou”.
Ascender bem a fogueira
era uma arte. E visitá-la no dia seguinte – em estado de cinzas ainda quentes –
era um ato de contrição. Entre os países onde o São João é celebradíssimo estão
Portugal, Canadá, Estônia e Brasil, onde no nordeste, o 24 de junho tem status
de feriado.
Uma lenda associa a
fogueira de João Batista, asceta que
jamais tomaria uma cachacinha na noite em sua honra: sua mãe Isabel, grávida,
teria prometido à prima Maria, mãe de Jesus, que acenderia uma fogueira no topo
da colina para avisar quando o bebê nascesse. A melhor forma de comunicação
instantânea num mundo sem tecnologia. E João nasceu, anunciador de Jesus, e que
o batizou no rio Jordão. (Marcos 1, 1-9).
Muito mais tarde, Luiz
Gonzaga haveria de cantar. “A fogueira está queimando/ em homenagem a São João/
e o forró já começou/ vamos, gente, arrastar pé neste salão”. Muito melhor do
que fogueira com pena de morte.
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