terça-feira, 11 de junho de 2024

SOU FEITA DE RETALHOS

Sou feita de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou. Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior. Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade. Que me tornam mais pessoa, mais humana, mais completa. E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados. Haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma. Portanto, obrigada a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias. E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de "nós." ( Cris Pizzimenti )

quinta-feira, 6 de junho de 2024

MINHA VIDA

Desisti de ti quando percebi que me alimentavas de migalhas. Sem tempo, conversas, afeto, carinho. Entendi quem sou e mereço mais que sobras. Venho de onde a intensidade fala mais alto. Onde os sonhos habitam os corações. Venho de onde os olhos se olham e o olhar fala mais alto que as palavras. E as palavras, também, são sussurros durante a noite. De onde venho não é permitido alimentar-se de insegurança, medo, dúvidas. Venho de um lugar onde o amor faz morada. A paixão é energia pura da alma. Esse lugar não te cabe mais. Esse lugar exige movimento, transformação. Não existe espaço para egos inflados. Nesse lugar tem sangue, suor e coração pulsando. Esse lugar chama-se: Minha vida! ( Aurora Zancopsi )

terça-feira, 4 de junho de 2024

UM DIA SENTIREMOS FALTA DE TUDO QUE NÃO VIVEMOS

Um dia sentiremos falta de tudo o que não vivemos... Das coisas mais bonitas que deixamos de fazer, dos milagres que não conseguimos enxergar, por olharmos sempre pra longe. Sentiremos falta do amor que não doamos, da canção que não ouvimos, das tardes com um horizonte todo tingido de laranja. Sentiremos saudade do abraço recolhido, dos olhos refletindo o céu, das noites e das manhãs de abril. Sentiremos saudade da casa, da porta sempre aberta, das risadas pelos cômodos, de um dia especial. Somos feitos de retalhos, dos pequenos retalhos que a vida nos doa, e vamos, dia após dia, costurando nossa história entre lágrimas e sorrisos. Somos feitos dos pedaços que ficam e que vão embora. De chegadas, de partidas. De saudade estrada afora. ( Eunice Ramos )

segunda-feira, 3 de junho de 2024

TUDO PASSA

Acredite que, por mais difícil que esteja agora, vai passar. As dores, assim como as alegrias, não são eternas. São como dias de verão que parecem infinitos, mas passam e vão, como os invernos rigorosos que trazem saudades, mas também vão, como a primavera se despedindo depois de forrar o chão de flor. E não é sobre romantizar as dificuldades, nem tentar diminuir o que lhe corrói o coração, é sobre se acolher nesse momento, se conhecer por dentro e saber que sempre haverá outros dias, outros caminhos, outros sóis, outras manhãs. ( Eunice Ramos )

VELHOS TEMPOS

Venho de outras eras em que humanos eram humanos. Em que animais e flores também eram divinos. Venho de um tempo em que as velhas pessoas se compreendiam com o Olhar. De um tempo em que não era proibido sonhar, tocar a alma era permitido, e o amor ainda existia. Um tempo em que tínhamos tempo para admirar um pôr do sol, deitar-se na grama, mergulhar no rio, sorrir sem motivo e amar sem razão. Um tempo em que vida era vida de verdade. Sou alma tão antiga, que nos dias de hoje anda perdida e que procura na noite, na Lua, nas Estrelas, na Poesia, uma esperança de que o passado de alguma forma ainda sobrevive, mesmo que nas sombras. ( Desconheço o autor )

domingo, 2 de junho de 2024

ORAÇÃO DO DOMINGO

VIVÊNCIA

Já vivi dias ensolarados e noites tempestuosas. Já disse o que não devia, ouvi o que não queria e precisei continuar. Já chorei um mar inteiro por coisas tão miúdas e já me fiz de forte quando o vento era forte demais. Já fui embora muitas vezes (de mim, dos meus anseios e minhas intensidades). Já bati a porta, jurei não olhar para trás, mas fui traída pelo coração . Já arrastei vida afora coisas que me incomodavam, e já me desfiz num segundo do que me Já amei demais, me entreguei demais, acreditei demais e me amei de menos, mas, romântica incorrigível, ainda envio bilhete, escrevo cartas, guardo cheiros e coleciono pequenos detalhes. Já mudei a rota, o rumo, tentando encontrar meu norte, quando descobri que o mundo acontecia aqui, dentro de mim, e eu precisava me entender comigo pra sentir vontade de ficar e querer me cuidar. Já me abandonei muitas vezes, me senti incapaz, me senti infeliz, mas descortinei minha janela e deixei a luz entrar, espanei o pó dos móveis e reinventei meu lugar. E hoje eu estou aqui: imperfeita, sim, incompleta, sim, mas cheia das coisas miúdas que fui guardando estrada afora. Ora sou triste como passarinho na gaiola, ora sou feliz como criança se lambuzando de sonhos. Sou calmaria e tempestade. Serenidade e desassossego. A nostalgia do cais e as manhãs de verão. Eu sou o inteiro de todos os pedaços que perdi. ( Eunice Ramos )