segunda-feira, 3 de junho de 2024

VELHOS TEMPOS

Venho de outras eras em que humanos eram humanos. Em que animais e flores também eram divinos. Venho de um tempo em que as velhas pessoas se compreendiam com o Olhar. De um tempo em que não era proibido sonhar, tocar a alma era permitido, e o amor ainda existia. Um tempo em que tínhamos tempo para admirar um pôr do sol, deitar-se na grama, mergulhar no rio, sorrir sem motivo e amar sem razão. Um tempo em que vida era vida de verdade. Sou alma tão antiga, que nos dias de hoje anda perdida e que procura na noite, na Lua, nas Estrelas, na Poesia, uma esperança de que o passado de alguma forma ainda sobrevive, mesmo que nas sombras. ( Desconheço o autor )

domingo, 2 de junho de 2024

ORAÇÃO DO DOMINGO

VIVÊNCIA

Já vivi dias ensolarados e noites tempestuosas. Já disse o que não devia, ouvi o que não queria e precisei continuar. Já chorei um mar inteiro por coisas tão miúdas e já me fiz de forte quando o vento era forte demais. Já fui embora muitas vezes (de mim, dos meus anseios e minhas intensidades). Já bati a porta, jurei não olhar para trás, mas fui traída pelo coração . Já arrastei vida afora coisas que me incomodavam, e já me desfiz num segundo do que me Já amei demais, me entreguei demais, acreditei demais e me amei de menos, mas, romântica incorrigível, ainda envio bilhete, escrevo cartas, guardo cheiros e coleciono pequenos detalhes. Já mudei a rota, o rumo, tentando encontrar meu norte, quando descobri que o mundo acontecia aqui, dentro de mim, e eu precisava me entender comigo pra sentir vontade de ficar e querer me cuidar. Já me abandonei muitas vezes, me senti incapaz, me senti infeliz, mas descortinei minha janela e deixei a luz entrar, espanei o pó dos móveis e reinventei meu lugar. E hoje eu estou aqui: imperfeita, sim, incompleta, sim, mas cheia das coisas miúdas que fui guardando estrada afora. Ora sou triste como passarinho na gaiola, ora sou feliz como criança se lambuzando de sonhos. Sou calmaria e tempestade. Serenidade e desassossego. A nostalgia do cais e as manhãs de verão. Eu sou o inteiro de todos os pedaços que perdi. ( Eunice Ramos )

sexta-feira, 31 de maio de 2024

ESTOU CANSADA

Cansada de tentar consertar as coisas que não quebro. Cansei de procurar soluções para problemas que eu não causei. Cansei de procurar pessoas quando eu não as expulsei. Cansei de sempre tentar dar o melhor de mim e que ninguém valorizou isso. Eu me cansei e quando alguém se cansa não dá pra voltar atrás. Chamem de egoísmo, no entanto eu vou chamá-lo de amor próprio. Porque no processo de consertar as coisas de todos, e com todos. A única que se magoou foi eu. (Desconheço a autoria)

LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA

Da infância ficaram os quintais. A magia dos quintais. A sombra das árvores, o vento e sua dança de folhas. O balanço! As frutas colhidas no pé. O pé descalço molhado de rego d'água. Ficou a casa, as paredes e as vozes nelas guardadas, o piso cantarolando passos...denunciando presenças. Os cheiros da cozinha: o prato servido de amores (Oh! fome perversa que hoje sinto!). Sons de risadas, de músicas cantaroladas na lida que tecia a vida. A certeza da benção de todo dia; o beijo nas mãos, o respeito posto à mesa já no café da manhã. O balanço pendurado na árvore escolhida com precisão e carinho. O balanço cumpria seu destino: ia e voltava! Voava! Ah, eu não sabia que o balanço do tempo é outro. Ele vai, ele voa, mas, na volta, não volta, não volta, não volta mais! ( Miryan Lucy Rezende )

terça-feira, 28 de maio de 2024

NEM SEMPRE É FÁCIL

Os ventos mudam, o tempo muda, e precisamos, infinitas vezes, recalcular a rota, inventar outros começos, reconstruir nosso ninho. Mas a gente aprende (às vezes, chorando, às vezes, sorrindo), a dançar na chuva, ensaiar um novo passo, cantarolar uma canção imaginária quando a vida não é mais festa e a música para de tocar. Há dores que nunca terminam, eu sei, mas que a gente consiga ajeitá-las num canto, abrir espaço pra entrada de brisa e sol e ser o que pudermos ser. Que a gente consiga achar graça nos dias, apesar dos nossos temporais. E forrar o chão de giz, colher flor, inventar jardins, achar beleza dentro da gente, e ser o que pudermos ser, apesar dos nossos temporais. Porque há 'coisas' que nos deixam, nos causando um vazio sem fim, e há 'coisas' que precisamos deixar pelo caminho, e ser o que pudermos ser, apesar dos nossos temporais. ( Desconheço o autor )

SAUDADE DAQUELE TEMPO

Houve um tempo em que não havia mensagens, mas havia olhares que diziam tudo, onde não existiam curtidas, mas as pessoas se conheciam e cumprimentavam-se pelas ruas. Houve um tempo em que o conselho de um pai era melhor do que qualquer pesquisa no Google e a história de um avô era mais verdadeira do que qualquer referência na Wikipédia. Houve um tempo em que não existia e-mail. Mas recebíamos bilhetes, postais e cartas de amor. Tempos onde ninguém te insultava escondido no anonimato de uma rede social. E era no restaurante, o lugar onde se discutia, com argumentos, com respeito e compartilhando o vinho. Houve um tempo em que as pessoas, não aparentavam o que não eram, onde não existia Photoshop nem filtros. E eram os anos que se encarregavam de desenhar as rugas. Sim, eu sinto falta daquele tempo onde tudo era mais simples, mais real. E era o nosso coração que vibrava e não o telefone ( Desconheço o autor)