sexta-feira, 3 de abril de 2020

QUASE - REFLEXÃO


Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.

Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Sarah Westphal

CANÇÃO DO VENTO


O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E as amizades…
O vento varria as mulheres…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos…
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

Manuel Bandeira


quinta-feira, 2 de abril de 2020

A CAMINHADA DA VIDA



Na caminhada da vida, aprendi que nem sempre temos o que queremos.
Porque nem sempre o que queremos nos faz bem.
Foi preciso sentir dor, para que eu aprendesse com as lágrimas.
Foi necessário o riso, para que eu não me enclausurasse com o tempo.
Foram precisas as pedras, para que eu construísse meu caminho.
Foram fundamentais as flores, para que eu me alegrasse na caminhada.
Foi imprescindível a fé, para que eu não perdesse a esperança.
Foi preciso perder, para que ganhasse de verdade.
Foi no silêncio que me escutaram com clareza.
Pois sem provas não tem aprovação.
E a vitória sem conquista é ilusão.
E a maior virtude dos fortes é o perdão.

Desconheço o autor

quarta-feira, 1 de abril de 2020

VAMOS ORAR


UMA GRANDE LIÇÃO DE VIDA

 Em uma cidadezinha vivia um homem que nunca se irritava nem discutia com ninguém. Ele morava em uma modesta pensão, onde era querido e admirado por todos, justamente por sempre encontrar uma saída cordial para não se aborrecer com as pessoas.

Para testá-lo, um dia seus amigos combinaram armar uma situação que, certamente, o levaria à irritação. Convidaram-no para um jantar e trataram todos os detalhes com a garçonete, que seria a responsável por atender à mesa reservada para a ocasião. Assim que iniciou o jantar, como entrada, foi servida uma saborosa sopa. A garçonete se aproximou do homem, pela esquerda, e ele prontamente levou seu prato para aquele lado, a fim de facilitar a tarefa. Mas ela serviu todos os demais e, quando chegou a vez dele, foi embora para outra mesa.

Ele, calmamente e em silêncio, esperou que a moça voltasse. Quando ela se aproximou, agora pela direita, para recolher o prato, ele levou outra vez o seu na direção da funcionária, que novamente se distanciou, ignorando-o.

Após servir todos os demais, passou a seu lado, acintosamente, com a sopeira fumegante, exalando o saboroso aroma. E, como havia terminado sua tarefa, voltou à cozinha. Naquele momento não se ouvia qualquer ruído. Todos observavam, discretamente, para ver sua reação.

Para surpresa dos amigos, o homem, educadamente, chamou a garçonete que se voltou, fingindo impaciência, e lhe disse: "O que o senhor quer?" Ao que ele, naturalmente, respondeu: " senhora não me serviu a sopa". E ela, para provocá-lo, retrucou: "Servi, sim senhor!" Ele então olhou para a garçonete e em seguida contemplou o prato vazio e limpo, ficando pensativo por alguns instantes...

Todos apostaram que agora ele iria brigar... Suspense e silêncio total. Mas o homem, mais uma vez, surpreendeu a todos, ponderando tranquilamente: "É verdade, a senhorita serviu sim, mas eu aceito um pouco mais!"

MORAL DA HISTÓRIA: Na maioria das vezes, não importa quem está com a razão. O fundamental é evitar discussões desgastantes e improdutivas. Muitas brigas surgem motivadas por coisas insignificantes, que se avolumam e inflamam com o calor da discussão. Pense nisso: a pessoa que se irrita aspira o ar tóxico que exterioriza e envenena a si mesma.

(Luciana dos Santos)


terça-feira, 31 de março de 2020

HOJE É OUTRO DIA


Cada novo dia, é uma nova chance de recomeçar. Não inicie um novo dia juntando as peças quebradas de ontem. Ao acordar de manhã, deseje um bom dia, mentalize coisas boas, tente sentir-se animado, busque vitalidade, olhe para frente e viva um dia de cada vez. De nada adiante ficar ansioso pensando no futuro distante e se atrapalhar com as coisas que precisam ser feitas hoje.

Cuide-se, beba água logo que acordar e tome um bom café da manhã, escute a música que você gosta enquanto toma banho, pense com determinação em todas as tarefas que você tem a cumprir no dia, enfrente-as com ânimo e disposição, mantenha-se entusiasmado. Não deixe que as preocupações, angústia ou ansiedade tomem a sua consciência.

Pense nos problemas, sim, mas pense em como resolvê-los, pois de nada adianta apenas ficar remoendo as preocupações e aquilo que lhe traz infelicidade. A vida é muito curta e cada dia que perdemos paralisados diante do medo é outro que perdemos no futuro, tentando recuperar o tempo.

Hoje é outro dia, se as coisas não deram certo ontem, podem dar certo hoje. Depende muito de você. Pense positivo, aja de modo construtivo, busque soluções e não se apegue aos problemas e tristezas. Siga em frente e faça hoje o que é preciso ser feito. Você pode muito!

Autor desconhecido

segunda-feira, 30 de março de 2020

VERBO HAVER


Há em tudo um quase silêncio... na janela, no quarto, no branco dessa sua ausência.

Há um quase silêncio nas manhãs, na boca da noite, do lado de lá da minha rua.

Há um gosto molhado de despedida e a angústia de muitos gritos adormecidos no peito, nos olhos, nas mãos e no teu jeito incerto de ir embora, sem olhar para trás, enquanto eu fico reprimindo o pranto. E, no entanto, há certezas muito maiores do que as dores e as marcas:

Há o jardim plantado desde a sua chegada, suas canções, suas histórias amarelas, azuis, seu arco-íris imenso.

 Há o jato de água que apagou o cigarro. Há muita coisa, “Coração”, muita coisa...
- Promete?
- Prometo...

Há muita vontade de volta e os recadinhos que nascem com essa possibilidade.

 Há o vazio da tarde e os grilos da noite, que fizeram seu brilho primeiro, seu espanto de menino, sua confissão, seus segredos.

Há uma velha rua da infância, lá em Duartina, de paralelepípedos e calçadas quebradas.

Há o passeio que não demos e o que vamos dar. E há os sorrisos, as confidências, o café da manhã, a cerveja da tarde, as estradas e as longas conversas que o telefone emudeceu.

Há um quase cheiro de reencontro, na praça, no parque de diversões, na quinta galáxia, na música do Chico Buarque (“Quero pesar feito cruz nas tuas costas, que te retalha em postas, mas no fundo gostas quando a noite vem...”), nas tranças desse encontro não muito antigo, na cerveja Budweiser. Há o novo e o contente.

Há luas e sóis e tardes e caminhos...

Há uma vida inteira, “Coração”...

Desconheço o autor