sexta-feira, 22 de setembro de 2023

NÃO CONSIGO DEFINIR SAUDADES

Definir saudade? Não consigo. É dos sentimentos mais avassaladores que existem. Como se descreve o vazio? O silêncio? A ausência? O pedaço de nós que se ausentou? Saudades não é só sentir falta de alguém. É sentir a falta de alguém em nós. Dentro de nós. É ter saudades de nós com alguém. É o estar por estar, e o ser por ser. Como se traduz em palavras aquilo que a saudade corta sem nada nos tocar. Que fere. Que magoa. Que esvazia. Que ecoa. Que enlouquece. Nada disto se assemelha à saudade que sinto. São pequenas as palavras que a descrevem. Definir saudade? Não me é possível. Talvez por sentir tão em mim. Talvez porque me toque na pele todos os dias. Saudades. Infindas. Sempre! ( Rita Leston )

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

NINGUÉM SABE A DOR DO OUTRO

A gente sabe lá como está o coração do outro. Sabe lá a cor da alma daqueles que estão ao nosso lado. A gente nem imagina as pedras que existem nos caminhos dos outros. Não faz ideia dos sapatos apertados que os outros calçam. A coroa de espinhos que cada um carrega em cada dia. Ninguém sabe a dor que se esconde por trás de uma gargalhada. A mágoa escondida num sorriso. A saudade que não se reflete, mas que se sente. A gente nem imagina aquilo que se passa na "casa" do outro. Na casa onde cada um se move. Na ilha em que cada um se torna. No universo de lágrimas que nos assalta. A gente sabe lá o que é a vida do outro. A emoção do outro. A saudade do outro. A tristeza do outro. As contrariedades do outro. As vidas que se perdem na vida perdida do outro. Então, por gentileza, por delicadeza, por solidariedade, ou talvez por amor: Não tornes mais duros os dias do outro. Não aumentes as suas feridas. Não tornes mais sombrios, os dias do outro. É que tu não sabes nada da sua vida! E, talvez tu possas ser apenas a gota de água que faz toda uma vida desmoronar! ( Marisa Sousa )

A PAZ É A MELHOR ESCOLHA

Eu conheço muita gente que abriu mão de muitas coisas para seguir em paz na sua jornada. A paz é sempre a nossa melhor escolha. É ela quem nos entrega a serenidade que precisamos para reconstruir tudo. Para recomeçar. Muitas vezes existe amor, existe carinho, existe gratidão na relação, mas também há desconforto. Desconfiança. Não devemos e nem podemos nos conformar com o que nos tira o ar e o prazer de voar. E se existe alguém que podando nossas asas, que a gente tenha a coragem e a maturidade para abrir a porta e ir, com a roupa do corpo é uma coragem incrível, em direção ao nosso recomeço. Nunca negocie a sua paz. Seja lá com quem for! (Edgard Abbehusen)

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

AMOR PRÓPRIO

Eu cresci ouvindo minha mãe dizer que o amor tudo suporta e, por um tempo eu até acreditei nessa falácia. Mas quando eu me amei de verdade, descobri que isso não era verdade, que amor não suporta tudo, como dizia Maiakovski "onde tudo é aceito, eu desconfio que haja falta de amor", principalmente amor-próprio. Amor é canteiro e canteiro que não é cuidado, erva daninha se alastra e vai matando aos poucos qualquer forma de vida que exista ali, até que só sobre ela. (Edna Frigato)

A VIDA NÃO TEM REPLAY

Ainda bem que a vida não tem replay. Ainda bem não podemos voltar aos bons momentos. Imaginem como seria complicado se pudéssemos recuar ao passado para retocar aqueles segundos em que sem saber como fomos felizes para a eternidade da nossa história. Já imaginaram a confusão que seria quando um quisesse apagar esse momento e o outro desejasse prolonga-lo. Em que ponto se poderia tocar aquelas vontades tão opostas e com um desejo infindável de modificar o que viveram juntos. Ainda bem que a vida definiu que seria assim, que nada nela teria retorno e que os horizontes do futuro nunca viveriam na sombra de um passado. A vida é para ser vivida a cada momento, sem culpas nem expectativas. Temos que aceitar que aquilo que há uns segundos atrás nos fez felizes agora são as memórias que ninguém nos poderá roubar. São peças que se vão encaixando no puzzle do destino para que possamos ter uma visão geral sobre tudo o que já vivemos. Olhar para trás é um defeito da saudade que se alimenta do que já passou, enquanto a nossa alma vive de olhos postos no futuro onde poderemos encontrar algo ainda melhor do que tudo o que já passou. O passado é um livro que alguém leu e arrumou na prateleira, já o futuro é o sonho de quem não cresceu e continua a sonhar com o que quer viver. ( Angela Caboz )

terça-feira, 19 de setembro de 2023

SAIR DE CENA É A ÚNICA ESCOLHA POSSÍVEL

Por vezes, é preciso ignorar o que sentimos. É preciso sair de cena em silêncio, deixando o filme a meio. É necessário calar um pouco o coração e encontrar coragem para admitir que o espetáculo tenha que ser cancelado, por razões de força maior. Sabemos que vai doer. Sabemos que iremos ouvir o grito do desejo que nos vai ensurdecer a alma. Estamos conscientes de que nos sentiremos despidos por não sabermos onde andam as mãos que sempre nos vestiram. Sentiremos frio e chamaremos pelo nome de quem vive dentro do nosso coração. Talvez o erro seja mesmo esse. Assumimos que existiria um para sempre nas nossas vidas e de repente esse fio brilhante com que tricotávamos a nossa história rebenta e não temos uma solução para resolver aquele incidente. Criamos tantas expectativas nesse amor que desaprendemos de viver e quando tudo termina não sabemos para que lado seguir. Quando o final nos agarra não encontramos razões para sorrir e sem sorriso o dia perde todo o seu brilho. Quando o inesperado acontece é preciso ter força para puxar a cortina e agradecer à plateia. É tempo de deixar de ensaiar aquela peça de teatro em que não éramos a personagem principal. Tudo depende de nós e não desse amor que nos roubou a voz e nos fez voltar a viver no silêncio de um sonho. Seremos nós a ter de dosear a intensidade dessa dor que inevitavelmente irá chegar. Depende de nós encontrarmos força para curar essa ferida que não nos vai matar. A dor não mata, a dor ensina! Por isso, sair de cena é a única escolha possível. Deixar aquele palco antes que todas as luzes se apaguem e fiquemos ali na escuridão a tentar encontrar o caminho de volta para o nosso mundo real. ( Angela Caboz )

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

NEM SEMPRE O QUE DEIXA DE EXISTIR DEIXA DE ESTAR

Nem sempre o que deixa de existir deixa de estar. Às vezes, deixar de existir é apenas outra forma de estar. É como a chuva. Ao parar de chover, a chuva deixa de existir como chuva, mas a sua água infiltrou-se nos campos e regou as flores e juntou-se ao leito dos rios como memória da chuva que um dia será novamente. Nem sempre o que deixa de existir deixa de estar. O corpo das coisas que habitam o mundo pode morrer e pode desaparecer da nossa vista, mas nunca morrerá aquilo que nos habita e o coração não precisa ver para crer. Deixar de existir não é deixar de estar presente. Há coisas e pessoas que foram e que nunca deixarão de ser. Mesmo que os seus passos deixem de se ouvir e que o seu olhar deixe de cair sobre o nosso como a chuva quando chega o tempo de parar de cair, já o som desses passos e a luz desse olhar se infiltraram em nós e somos nós esse leito de que o nosso amor é feito. Não faz mal que a chuva deixe de ser chuva quando permanece naquilo que regou. ( Elizabete Bárbara )