Amou, quase sempre, as pessoas erradas e não recebeu de volta todo o amor que era seu. Semeou vida em terrenos áridos, e mesmo assim, amou as flores que ali floresceram. Foi acumulando amor dentro de si. Foi armazenando sentimentos, convicto de que nunca iria aparecer alguém com quem os pudesse repartir. Amou as flores que tinham as suas raízes e virou as costas a tudo resto.
Cortou amarras, quando já não conseguia viver e fugiu para longe, estava a ficar cansado de se afogar na lama daquele pântano, que o estava a sufocar. Levou com ele, os sonhos e pouco mais. Abraçou a solidão e quase se esqueceu que ainda estava vivo. Cansado do sofrimento prometeu que não voltaria a amar.
Um dia porém o amor, o maroto do amor, pregou-lhe uma rasteira.
O amor desenhou-lhe uma mulher à sua imagem. O amor vestiu essa princesa com tudo o que ele mais admirava, e sem meias medidas perguntou-lhe, se ele gostava do resultado final. Ele olhou, olhou encantando para aquele retrato e ficou sem palavras. O amor tinha-o deixado de boca aberta. Ficou tão surpreendido que e antes que ele tivesse tempo de responder, fosse o que fosse, já estava decidido que aquela seria a mulher da sua vida.
Ele ficou a olhar para a mulher que o destino lhe entregou e esqueceu todas as promessas que tinha feito antes. Estavam ali, à sua frente, todos os sonhos com que tinha sonhado. Estavam ali as realidades que não sabia onde procurar, e que por isso pensou que só existiam nos seus sonhos. Agora, era tempo de se entregar ao amor e à vida!
Era tempo de aproveitar todos os segundos que se esqueceu de viver. Era tempo de abraçar o amor e soltar tudo o que estava armazenado em si. Finalmente teria com quem dividir o que durante anos foi guardando só para si. ( Angela Caboz )
