sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

SAUDADES - REFLEXÃO

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades... Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei... Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser... Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro... Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser... Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei! De quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer. Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito! Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre! Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter! Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram. Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências... Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer! Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar! Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar, Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade. Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...não sei onde...para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi... Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades Em japonês, em russo, em italiano, em inglês... mas que minha saudade, por eu ter nascido no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota. Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, espontaneamente quando estamos desesperados... para contar dinheiro... fazer amor... declarar sentimentos fortes... seja lá em que lugar do mundo estejamos. Eu acredito que um simples "I miss you" ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha. Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas. E é por isso que eu tenho mais saudades... Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos. Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis! De que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência... Nota: Embora a autoria seja normalmente atribuída a Clarice Lispector, na verdade o texto se trata de um híbrido, que combina elementos e excertos de Antônio Carlos Affonso dos Santos com outros, escritos por um autor desconhecido.

FILHO PREDILETO

Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido, aquele que ela mais amava. E ela, deixando entrever um sorriso, respondeu: "Nada é mais volúvel que um coração de mãe. E, como mãe, lhe respondo: o filho predileto, aquele a quem me dedico de corpo e alma... É o meu filho doente, até que sare. O que partiu, até que volte. O que está cansado, até que descanse. O que está com fome, até que se alimente. O que está com sede, até que beba. O que estuda, até que aprenda. O que está com frio, até que se agasalhe. O que não trabalha, até que se empregue. O que namora, até que se case. O que casa, até que conviva. O que é pai, até que os crie. O que prometeu, até que se cumpra. O que deve, até que pague. O que chora, até que cale. E já com o semblante bem distante daquele sorriso, completou: O que já me deixou... ...até que o reencontre... (Erma Bombeck)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

DESEJOS

"Para vocês, desejo o sonho realizado. O amor esperado. A esperança renovada. Para vocês, desejo todas as cores desta vida. Todas as alegrias que puder sorrir. Todas as músicas que puder emocionar. Desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida. Gostaria de lhes desejar tantas coisas, mas nada seria suficiente... Então, desejo apenas que vocês tenham muitos desejos. Desejos grandes e que eles possam mover a cada minuto, ao rumo da sua felicidade." (Carlos Drummond de Andrade)

A CAIXA DE LÁPIS DE COR

"Tenho uma amiga que quando percebe que eu estou triste costuma me perguntar quem roubou a minha caixa de lápis de cor? Tem vez que nem pergunta, apenas comenta: “poxa, dessa vez levaram as cores que você mais gosta!” A tristeza afrouxa um pouco, por mais que eu esteja chateada. Primeiro, porque é muito bom a gente se sentir olhado com carinho. Depois, porque essa expressão tem uma inocência capaz de fazer gente grande tocar em coisas sérias sem ficar com medo de queimar a mão. De vez em quando, ao ouvir a pergunta, acontece de uma lágrima ou outra escapulir, afeitos que alguns sentimentos são a desaguar no rosto quando o coração fica apertado. Mas, algumas vezes, quando eu choro diante dessa indagação não é pelas cores que não encontro na caixa nem por lembrar de quem supostamente as roubou. Choro por perceber que ainda dou aos outros o poder de roubá-las. Por notar que, no fim das contas, quem rouba os meus lápis de cor preferidos sou eu. " Ana Jácomo

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

PARA REFLETIR

QUANDO A TEMPESTADE CAI

Quando a tempestade cai, uns se trancam em casa, outros saem pra dançar na chuva. Quando a ventania aumenta, uns fecham a janela, outros vão soltar pipa. Quando a saudade castiga, uns choram no escuro, outros abraçam apertado. Quando as cartas estão ruins, uns saem do jogo, outros dobram a aposta. Quando o calo aperta, uns vão embora da festa, outros continuam a dançar descalços. Quando a bola chega quadrada, uns dão de canela, outros matam no peito. Quando um grande amor termina, uns perdem a esperança, outros seguem em frente. Quando o dia amanhece nublado, uns reclamam da sorte, outros desenham nas nuvens. Quando a vida propõe obstáculos, uns ficam pelo caminho, outros se tornam ainda mais fortes. E você aí? O que você faz? Rafael Magalhães

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

O GRANDE HOMEM

O grande homem é silenciosamente bom... É genial - mas não exibe gênio... É poderoso - mas não ostenta poder... Socorre a todos - sem precipitação... É puro - mas não vocifera contra os impuros... Adora o que é sagrado - mas sem fanatismo... Carrega fardos pesados - com leveza e sem gemido... Domina - mas Sem insolência... É humilde - mas sem servilismo... Fala a grandes distâncias - sem gritar... Ama - sem se oferecer... Faz bem a todos - antes que se perceba... Não quebra a cana fendida, nem apaga a mecha fumegante - nem se ouve o seu clamor nas ruas. Rasga caminhos novos - sem esmagar ninguém... Abre largos espaços - sem arrombar portas... Entra no coração humano - sem saber como... Tudo isso faz o grande homem, porque é como o Sol - esse astro assaz poderoso para sustentar um sistema planetário, e assaz delicado para beijar uma pétala de flor... Assim é, e assim age o homem verdadeiramente bom - porque é instrumento nas mãos de Deus. Bom dia! Huberto Rohden