Era uma vez um depósito de vasos quebrados.
Ninguém se importava com eles. Eles mesmos não se importavam por
estar quebrados, ao contrário, quanto mais quebrados ficavam, mais eram
respeitados pelos outros.
Um dia, por engano, um vaso inteiro foi parar no meio dos vasos
quebrados, mas, por ser diferente dos demais, de imediato ele foi rejeitado e
hostilizado. Justo ele, que tinha uma necessidade miserável de ser aceito.
Tentou se aproximar dos vasos menos danificados, aqueles que
tinham apenas a boca rachada, mas, não deu certo. Depois, procurou se aproximar
dos vasos que tinham apenas um pequeno furo na barriga, mas, também foi
repelido. Tentou uma terceira vez, com os vasos que estavam trincados na base,
mas, não adiantou.
Resolveu, então, arranjar umas brigas, esperando conseguir um
ferimento, um risco, uma trinca ou, quem sabe, com um pouco de sorte, até um
quebrado bacana, mas, naquele lugar, ninguém tinha força bastante para quebrar
os outros. Se algum vaso quisesse se quebrar, tinha que fazer isso sozinho.
E foi isso mesmo que ele fez. E conseguiu o que queria, ser
aceito no clube dos vasos quebrados.
Ficou feliz, realizado, mas, não por muito tempo, pois, logo
começou a se incomodar com uma outra necessidade, a de ser respeitado pelos
demais vasos quebrados.
Para isso, teve que ir-se quebrando. E se quebrou em tantos
pedaços que voltou ao pó. E deixou de ser vaso!
Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes.
I Coríntios 15.33
I Coríntios 15.33