Dois irmãos moravam em
fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho. Durante anos, percorreram
uma estreita e comprida estrada que corria ao longo do rio para, ao final de
cada dia, desfrutarem um da companhia do outro. Apesar do cansaço, faziam-no
com prazer, pois se amavam. Mas agora tudo havia mudado.
Eles tiveram a primeira desavença em toda uma
vida trabalhando lado a lado, repartindo as ferramentas e cuidando um do outro.
O que começara com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa troca de
palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio…
Numa manhã, o irmão mais
velho ouviu baterem à sua porta. Ao abri-la, notou um homem com uma caixa de
ferramentas de carpinteiro. Estou procurando por trabalho disse ele
Talvez você tenha um pequeno serviço aqui e ali… Posso ajudá-lo? Sim! disse o
fazendeiro.
Claro que tenho trabalho para você. Veja
aquela fazenda além do riacho… É de meu irmão mais novo. Brigamos muito e não
mais posso suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira perto do celeiro? Quero que
você me construa uma cerca bem alta ao longo do rio para que eu não mais
precise vê-lo.
Acho que
entendo a situação disse o carpinteiro. Mostre-me onde estão a pá e os pregos
que certamente farei um trabalho que lhe deixará satisfeito.
Como
precisava ir à cidade, o irmão mais velho ajudou o carpinteiro a encontrar o
material e partiu. O homem trabalhou arduamente durante todo aquele dia
medindo, cortando e pregando.
Já
anoitecia quando terminou sua obra, ao mesmo tempo que o fazendeiro
retornava…Seus olhos não podiam acreditar no que viam! Não havia qualquer
cerca! Em seu lugar estava uma ponte que ligava um lado do riacho ao outro.
Era
realmente um belo trabalho, mas, enfurecido, ele exclamou: Você é muito
insolente em construir esta ponte, depois de tudo que lhe contei. No entanto,
as surpresas não haviam terminado… Ao erguer seus olhos para a ponte mais uma
vez, viu seu irmão aproximando-se da outra margem, correndo com seus braços
abertos…
Cada um
dos irmãos permaneceu imóvel de seu lado do rio, quando, num só impulso,
correram um na direção do outro, abraçando-se e chorando no meio da ponte.
Emocionados,
viram o carpinteiro arrumando suas ferramentas e partindo…
Não,
espere! disse o mais velho Fique conosco mais alguns dias… Tenho
muitos outros projetos para você.
E o
carpinteiro respondeu: Adoraria ficar, mas tenho muitas outras pontes para
construir.”