quarta-feira, 14 de novembro de 2012

CONTRATO - CHORADEIRAS PROFISSIONAIS



           Mulher profissional ou mercenária contratada para chorar nos velórios pelos mortos. Esta profissão já existia antes de Cristo e se estende, a saber, até aos nossos dias... A ação da carpideira é uma tradição milenar característica de povos rurais. Os povos antigos acreditavam ser a morte uma passagem. O choro seria necessário para que a alma do morto fizesse uma passagem mais tranquila.
         A carpideira era contratada para acompanhar velórios, chorar pelos mortos, gesticular, dramaticamente, do velório ao cemitério e fazer rituais para a transição das almas. Muitas chegavam ao requinte de assanhar o cabelo, como se estivessem desesperada e até simulavam desmaios.
        Na Europa antiga essa profissão era de tal importância que existia até um sindicato das Carpideira.  As carpideiras tinham por tarefa provocar a atitude de lamentação nos outros, sendo assim criada a atmosfera apropriada de tristeza, levando as pessoas a chorar e lamentar. Elas entoavam cânticos fúnebres e estimulavam a tristeza. Além de chorar em altas vozes, as carpideiras despenteavam os cabelos, batiam no peito, algumas descobriam os seios, rasgavam as roupas e, quando bem-sucedidas, provocavam atos similares em outras pessoas. Essas profissionais eram indispensáveis. Enterro que não tivesse carpideiras, não era chique. Era como se os familiares dos defuntos oferecessem um espetáculo de tristeza.

Que mulher é essa
Contratada para chorar
Como se o choro fosse um canto,
Para a alma do morto levar.
Tem carpideira que canta,
Tem carpideira que chora...
Todas elas acalantam
A alma que vai embora.
Antiga profissão,
Que ainda hoje vigora,
Contratadas para chorar
No lugar de quem não chora. 
(Fernando Lima)