Mulher profissional ou mercenária
contratada para chorar nos velórios pelos mortos. Esta profissão já existia antes de
Cristo e se estende, a saber, até aos nossos dias... A ação da carpideira é uma tradição milenar
característica de povos rurais. Os povos antigos acreditavam ser a morte uma
passagem. O choro seria necessário para que a alma do morto fizesse uma
passagem mais tranquila.
A carpideira era contratada para acompanhar
velórios, chorar pelos mortos, gesticular, dramaticamente, do velório ao
cemitério e fazer rituais para a transição das almas. Muitas chegavam ao
requinte de assanhar o cabelo, como se estivessem desesperada e até simulavam
desmaios.
Na Europa antiga essa profissão era de
tal importância que existia até um sindicato das Carpideira. As carpideiras tinham por tarefa provocar a
atitude de lamentação nos outros, sendo assim criada a atmosfera apropriada de
tristeza, levando as pessoas a chorar e lamentar. Elas entoavam cânticos
fúnebres e estimulavam a tristeza. Além de chorar em altas vozes, as carpideiras
despenteavam os cabelos, batiam no peito, algumas descobriam os seios, rasgavam
as roupas e, quando bem-sucedidas, provocavam atos similares em outras pessoas.
Essas profissionais eram indispensáveis. Enterro que não tivesse carpideiras,
não era chique. Era como se os familiares dos defuntos oferecessem um
espetáculo de tristeza.
Que
mulher é essa
Contratada para chorar
Como se o choro fosse um canto,
Para a alma do morto levar.
Tem carpideira que canta,
Tem carpideira que chora...
Todas elas acalantam
A alma que vai embora.
Antiga profissão,
Que ainda hoje vigora,
Contratadas para chorar
No lugar de quem não chora.
Contratada para chorar
Como se o choro fosse um canto,
Para a alma do morto levar.
Tem carpideira que canta,
Tem carpideira que chora...
Todas elas acalantam
A alma que vai embora.
Antiga profissão,
Que ainda hoje vigora,
Contratadas para chorar
No lugar de quem não chora.
(Fernando Lima)